Eu precisei ser covarde.
Eu precisei não ter que olhar nos teus olhos. Eu precisei não ter que escutar a tua voz. Eu precisei não ter que te dar um último beijo ou abraço. Precisei não olhar para o nosso passado e deixar de lado todos os momentos bons que já vivemos, porque, finalmente, a balança pesou para o-lado-não-tão-bom-assim.
Até que demorou, não? Depois de tantas idas e vindas - suas, claro -, eu finalmente tomei coragem e me desfiz. Me despi. Tirei as roupas que você já havia tocado e guardado teu cheiro.
Tirei você de mim,
e o fiz à força.
Doeu, óbvio. Mas foi necessário. Tipo arrancar de uma só vez aquele band-aid preso à pele, sabe? Você tira rápido e sem olhar achando que não ver doerá menos.
- larga de ser covarde! não olhar não adianta -
E, então, dói. E depois só fica a ardência da pele irritada. Depois a pele anestesiada. E, então, nada.
Nada.
O que um dia parecia ser tudo.
E você começa a perceber que covardia não é não olhar. Covardia seria permanecer com o band-aid colado ali pra sempre.
Coragem é deixar a pele respirar
e se curar.
Sozinha.
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