segunda-feira, 6 de março de 2017

Sobre covardia

Eu precisei ser covarde.

Eu precisei não ter que olhar nos teus olhos. Eu precisei não ter que escutar a tua voz. Eu precisei não ter que te dar um último beijo ou abraço. Precisei não olhar para o nosso passado e deixar de lado todos os momentos bons que já vivemos, porque, finalmente, a balança pesou para o-lado-não-tão-bom-assim.
Até que demorou, não? Depois de tantas idas e vindas - suas, claro -, eu finalmente tomei coragem e me desfiz. Me despi. Tirei as roupas que você já havia tocado e guardado teu cheiro.

Tirei você de mim,

e o fiz à força.

Doeu, óbvio. Mas foi necessário. Tipo arrancar de uma só vez aquele band-aid preso à pele, sabe? Você tira rápido e sem olhar achando que não ver doerá menos.

- larga de ser covarde! não olhar não adianta -

E, então, dói. E depois só fica a ardência da pele irritada. Depois a pele anestesiada. E, então, nada.

Nada.

O que um dia parecia ser tudo.

E você começa a perceber que covardia não é não olhar. Covardia seria permanecer com o band-aid colado ali pra sempre.

Coragem é deixar a pele respirar

e se curar.

Sozinha.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sobre mãos-no-fogo, vidros quebrados e certezas

Eu teria colocado a mão no fogo. Aliás, quantas vezes não coloquei?
Arrisquei minha sanidade mental tantas e tantas vezes confiando de novo e de novo. E de novo. Mas não foi o suficiente. Nunca era. Arriscava, o tempo passava e o mesmo erro era cometido. Um looping eterno de noites pensando em te deixar pra trás, pensando no quão estúpida estava sendo por sempre perdoar e logo depois pensando "mas, vale a pena".

E aí, valeu?
Pra não dizer que não falei das flores: é, valeu.

E não que eu nunca tenha errado. Talvez tenha cometido tantos erros quanto você, mas infelizmente, não sou dessas pessoas que pensam que todo erro é do mesmo tamanho. Existem pecados e pecados. E comparando os nossos, eu posso ter cometido muitos, mas perdoe-me a falta de humildade, os seus esmagam os meus.
Metaforicamente, eu quebrei um copo e você, o Museu do Louvre.
Mas eu esquecia. Você se lembra? Lembra de como eu ia esquecendo dessas coisas? Iam passando, porque maior que o meu orgulho, só o que eu sentia por você. Sinto.
Enfim, cheguei até aqui só pra poder dizer que, apesar de tudo, o que eu sentia era real. Eu não menti, não escondi e não diminui ou aumentei nada. Eu disse a verdade o tempo todo. Eu posso afirmar e confirmar tudo o que eu disse.

Não venha me falar que não se pode ter certeza de nada nessa vida.
Eu sempre tive certeza do que sentia. Quem não tinha, era você.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Insegurança

"Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura." (Clarice Lispector)

Tão clichê citar Lispector, mas quando li eu meio que me identifiquei.
"Eu sou feita de tão pouca coisa"... Não, talvez eu não seja pouca coisa, mas sinto como se eu fosse. Eu sinto que eu nunca sou o bastante para manter alguém por perto durante muito tempo. Eu sinto como se eu causasse um certo tipo de cansaço nas pessoas.
Sabe quando você está morrendo de vontade de conversar com alguém, mas tem medo de incomoda-la? É, eu sei que você sabe. Todo mundo se sente assim. Eu sinto também, não queria sentir - ninguém queria -, mas sente, e sendo assim, sinto mesmo. Sinto muito.
Eu coloco a mão no fogo pelas pessoas em que considero confiáveis, e mesmo assim, elas não sabem metade do que acontece comigo. Só conto o que elas perguntam. Nunca, jamais vou chegar nessas pessoas e contar espontaneamente o que eu estou passando, o que estou pensando, por medo delas ficarem de saco cheio de mim.
Talvez seja o fato de eu não me suportar sozinha. Eu preciso das pessoas comigo o tempo todo e não saberia o que fazer se eu as incomodasse e elas me deixassem só. Comigo mesma e mais ninguém.
E o pior, é que com toda essa minha insegurança eu as afasto do mesmo jeito. Elas acabam achando que o problema são elas, e na verdade sou eu. ("O problema não é você, sou eu". Nossa! Clichê de novo. Ninguém merece!)
E quando eu me sinto sozinha? Fico parecendo uma maluca. Paranoica. Desconfio que esteja tudo fora do lugar, que me esqueceram e nunca mais vão voltar a falar comigo. Como eu não me suporto nessas horas (e em hora nenhuma).
Enfim, acho que nunca encontrei uma frase "tão eu" quanto essa.

"...eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tempo. Amigos

Quem nunca teve um amigo de infância, um amigo que dizia ser eterno. Um amigo quase irmão.
Bom, eu já tive. Vários. Mas foram poucos os que restaram.
Culpa do tempo? Não sei. Talvez, quem sabe. Sei apenas que alguém os levou... Ou simplesmente os deixei partir.
Muitos me decepcionaram, contaram mentiras, desfizeram-se de mim, ou apenas perdemos contato. Sei também que não fui o melhor exemplo de amizade para todos. Mas fiz o possível para estar presente em cada momento de suas vidas. Estar ao lado deles, apoiando ou dando broncas, sermões. Nos bons e maus momentos.
Mesmo que tenham se passado, que passem bem. E agradeço aos poucos que me sobraram. Esse pouco faz toda a diferença. Pode ser que esses também passem, mas assim como os outros, vão deixar lembranças, bons momentos. Os quais levarei para sempre.
Mas a todos que fizeram parte até hoje, gostaria de agradecer tudo o que já fizeram por mim, e o que ainda fazem. Não tem explicação o bem que vocês me fazem. A alegria que me dá por saber que já estiveram/e ainda estão comigo. Devo tudo o que há de melhor em mim, a vocês.

"As melhores histórias jamais serão escritas, assim como os melhores momentos não retornarão. Por isso, quando estiveres feliz, tire o máximo de proveito desta felicidade, pois o tempo arrastará tudo e só ficarão as lembranças."

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Terra de Gigantes

Nem tudo é como era antes.
Você podia sorrir, dar bom dia, falar obrigado, ou pedir desculpas por algo que tinha feito de ruim, que as pessoas simplesmente responderiam com um sorriso, retribuiriam o bom dia e o de nada, ou te perdoariam pelo que você tivesse feito com a, bela e querida, boa educação.
Hoje em dia todos andam com pressa, quase correndo. Estressadas e de mau-humor. Não sorriem nunca. Não se distraem nunca. Não erram nunca - sendo este o principal erro. Pensam ser novos seres tão cheios de perfeição, tão acima dos pobres mortais que se afastam, se calam.
As cidades estão cheias e todo mundo se sente só. Isso é normal? 
Quando foi que todo mundo perdeu o significado pra todo mundo? 
Quando foi que todo mundo se tornou ninguém?

"Que agora, lá fora
O mundo todo é uma ilha
A milhas e milhas
De qualquer lugar"

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